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segunda-feira, 4 de julho de 2016

Jim Morrison - a poesia como choque e redenção da história


Esse trabalho busca revelar através da poesia de James Douglas Morrison, mais conhecido por ter se tornado um mito como vocalista da banda norte-americana The Doors na década de sessenta, o dilema de seus conflitos de homem histórico e homem mitológico em sua busca trágica de atravessar para outro lado, ou seja, uma visão diferenciada da visão hegemônica da sociedade, em uma reconciliação como sujeito histórico. Trazemos à tona um pouco dos pensadores que refletem sobre o tempo, memória, mito, trágico e poesia. O que têm a nos dizer para delinearmos como o homem encara o fluxo ou interioridade desse tempo em sua consciência. A poesia de Jim Morrison se torna uma revelação desse instante em que a consciência encara o fluxo do tempo em sua interioridade e mostra sua continuidade em angustias e identidades. A revelação de um termo de transcendência passa a ser uma iluminação que se propõe à imanência, ou seja, ao eterno agora e o que ele em si pode nos revelar em sua duração. 

A realidade histórica se carrega e se constrói então de imagens com teor mitológico que perfilam oniricamente o caminhar e o desenrolar das ações, portanto a poesia imbuída de imagens alegóricas as capturam e as visualizam, quebrando padrões e implantando concepções utópicas, abrindo portas, podendo delinear um novo ethos. Dentro dessa concepção alegórica, para Walter Benjamim, o historiador tem o dom de despertar o escondido do passado com o agora da cognoscibilidade em uma correspondência imediata com a redenção da história. De acordo com Marcelo Marques o mito atua eticamente na existência humana pela sua força poética, tornando possível o humano, assim desmitificar Jim Morrison em sua poesia que revela suas angustias mostrando um rosto mais humano que buscou sua redenção através da poesia. 

Compreender essa busca em seu “instante do agora”, no cruzamento do presente e passado em sua rememorização poética do mundo é abrir portas para redenção da história, pois vislumbrou como relâmpago na noite escura a ligação de vivências do passado e do presente no eterno agora. Em sua poesia trágica, Jim Morrison revela seus olhares, conflitos, desmedidas e seu infortúnio que são contemporâneos, como em Baudelaire, Rimbaud e outros artistas, com o presente da sociedade moderna. A poesia como cruzamento de tempos torna-se o olho selvagem e a consciência trágica que desperta no instante do agora, possibilitando a redenção da continuidade de identidades e da angustia no coração da história.

Prof. DRÁULIO CARVALHO ASSIS – mestre em história pela UFG – Universidade Federal de Goiás, autor da tese: O mito e o trágico em Jim Morrison: a poesia como choque e redenção da história

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