James Douglas Morrison nasceu no dia 8 de dezembro de 1943 na cidade de Melbourne, Florida - EUA. Sagitariano, ele era poeta de corpo e alma. Seus amigos mais íntimos eram os outros membros da banda, sua namorada Pam e aqueles que o acompanharam desde o começo de sua carreira.
Antes de ser um músico, Morrison era um poeta, muitas vezes incompreendido. Sua sinceridade, seu jeito de expor a mais dura realidade sobre a humanidade em suas poesias conquistaram grande multidão, mas também afastavam aqueles que não compreendiam suas atitudes. Sua escrita virou porta-voz de um movimento, de uma alternativa ao status-quo social, na sua “in your face poetry” (poesia na cara).
Do seu filósofo favorito, Friedrich Nietzsche(entre outros), Morrison tirou alívio e incentivo para dizer “sim para a vida”. Ele não era mais um suicida do rock, como muitos acreditam, mas escolheu intensidade ao invés de duração. Tornou-se o que Nietzsche definia como “aquele que não nega, que não diz não, que se atreve a se criar”.
Uma outra citação do filósofo influenciou a vida do músico: “Dizer sim à vida até diante de seus problemas, mais estranhos e difíceis; o desejo de viver acima de exaustão mesmo diante dos maiores sacrifícios — isso é o que chamo de Dionísio, o que entendo como a passagem para a psicologia do poeta trágico. Não para se dispor do trágico e da compaixão, mas para transformar-se na alegria eterna de transformação, acima de qualquer terror ou piedade”. Foi justamente a sede insaciável de Morrison que o matou e não a vontade de morrer.
Van Gogh, Rimbaud, Baudelaire, Poe, Blake, Artaud, Nijinsky, Byron, Dylan Thomas, Brendan Behan, Jack Kerouac, aqueles que sentiam a vida muito intensamente para agüentar vivê-la. Os loucos, intragáveis, perdidos, indomáveis, os artistas resistentes e cabeças-duras, insistentes em serem fiéis a sua natureza a qualquer preço — essa era a linha com a qual Morrison se identificava. Ser um poeta significava muito mais que escrever, pintar ou cantar; significava ter uma visão e a coragem para realizá-lo, independente de quaisquer posições.
Quando perguntado por uma revista pop como se preparava para o estrelismo, Morrison respondeu: “Parei de cortar o cabelo”. (...) O cantor usava as drogas para abrir a mente, expandir a consciência, a imaginação, para “ter acesso” a um mundo de outra forma fechado.
O interesse de Jim Morrison pelo desconhecido é bem documentado em suas poesias e escrituras. “Há coisas que sabemos. E há coisas desconhecidas, e entre elas, existem as portas (the doors)”, dizia. Apesar dessa frase ser, freqüentemente, atribuída ao poeta William Blake, eram as palavras de Morrison. Seu compromisso em desvendar o desconhecido desde o início de sua carreira, foi justamente o que acabou por terminar com o homem e com a banda.
Ele se recusava a comprometer sua arte. Este foi o seu bem e também o seu mal, ir até o fim dessa busca ou morrer tentando: tudo ou nada. E justamente por ele não industrializar ou popularizar o que escrevia, não conseguia fingir desespero ou êxtase. O que fazia não era mero entretenimento nem simplesmente a realização de movimentos já condicionados; ele era brilhante e desesperado, motivado pela necessidade de “testar os limites da realidade”, sondar o sagrado e explorar o profano.
E isso o deixou louco para criar, para ser real. Essas mesmas qualidades o fizeram volátil, perigoso e o deixaram num conflito perverso consigo mesmo. Procurava consolo e alívio nas mesmas substâncias que inicialmente o inspiraram e o fizeram criar: — as drogas.
As teorias do teatrólogo surrealista francês, Antonin Artaud, a respeito do confronto (discutidas no livro “O teatro e seu duplo”) tiveram influência marcante em Morrison e também no grupo como um todo. Em uma das passagens mais fortes do livro, Artaud faz um paralelo entre a peste bubônica e a ação teatral, afirmando que o teatro tem que conseguir afetar a catarse no espectador da mesma forma que a peste bubônica purificou a humanidade. A meta? “Que eles (espectadores) fiquem apavorados e acordem”. “Quero acordá-los. Eles não entenderam que já estão mortos”, dizia o músico.
Morrison iria gritar “Acordem” mil vezes na tentativa de sacudir o público e tirá-los de seu estado adormecido, “ninguém sai daqui vivo” ele cantava na música “Five to One”. E quando se confronta o tipo de medo e terror evocados por músicas como “The End”, algo dentro da gente muda, se altera, deixa de ser.
Final da década de 60 e as bandas cantavam sobre amor e paz, mas com The Doors era diferente. Quando a música acabava permanecia o silêncio, a serenidade, a conexão com a vida e a confirmação da existência de cada um. Mostrando o Inferno, The Doors levava seu público ao “Céu”. Evocando temas sobre a morte, mostrava que estavam vivos.
Antes de ser um músico, Morrison era um poeta, muitas vezes incompreendido. Sua sinceridade, seu jeito de expor a mais dura realidade sobre a humanidade em suas poesias conquistaram grande multidão, mas também afastavam aqueles que não compreendiam suas atitudes. Sua escrita virou porta-voz de um movimento, de uma alternativa ao status-quo social, na sua “in your face poetry” (poesia na cara).
Do seu filósofo favorito, Friedrich Nietzsche(entre outros), Morrison tirou alívio e incentivo para dizer “sim para a vida”. Ele não era mais um suicida do rock, como muitos acreditam, mas escolheu intensidade ao invés de duração. Tornou-se o que Nietzsche definia como “aquele que não nega, que não diz não, que se atreve a se criar”.
Uma outra citação do filósofo influenciou a vida do músico: “Dizer sim à vida até diante de seus problemas, mais estranhos e difíceis; o desejo de viver acima de exaustão mesmo diante dos maiores sacrifícios — isso é o que chamo de Dionísio, o que entendo como a passagem para a psicologia do poeta trágico. Não para se dispor do trágico e da compaixão, mas para transformar-se na alegria eterna de transformação, acima de qualquer terror ou piedade”. Foi justamente a sede insaciável de Morrison que o matou e não a vontade de morrer.
Van Gogh, Rimbaud, Baudelaire, Poe, Blake, Artaud, Nijinsky, Byron, Dylan Thomas, Brendan Behan, Jack Kerouac, aqueles que sentiam a vida muito intensamente para agüentar vivê-la. Os loucos, intragáveis, perdidos, indomáveis, os artistas resistentes e cabeças-duras, insistentes em serem fiéis a sua natureza a qualquer preço — essa era a linha com a qual Morrison se identificava. Ser um poeta significava muito mais que escrever, pintar ou cantar; significava ter uma visão e a coragem para realizá-lo, independente de quaisquer posições.
Quando perguntado por uma revista pop como se preparava para o estrelismo, Morrison respondeu: “Parei de cortar o cabelo”. (...) O cantor usava as drogas para abrir a mente, expandir a consciência, a imaginação, para “ter acesso” a um mundo de outra forma fechado.
O interesse de Jim Morrison pelo desconhecido é bem documentado em suas poesias e escrituras. “Há coisas que sabemos. E há coisas desconhecidas, e entre elas, existem as portas (the doors)”, dizia. Apesar dessa frase ser, freqüentemente, atribuída ao poeta William Blake, eram as palavras de Morrison. Seu compromisso em desvendar o desconhecido desde o início de sua carreira, foi justamente o que acabou por terminar com o homem e com a banda.
Ele se recusava a comprometer sua arte. Este foi o seu bem e também o seu mal, ir até o fim dessa busca ou morrer tentando: tudo ou nada. E justamente por ele não industrializar ou popularizar o que escrevia, não conseguia fingir desespero ou êxtase. O que fazia não era mero entretenimento nem simplesmente a realização de movimentos já condicionados; ele era brilhante e desesperado, motivado pela necessidade de “testar os limites da realidade”, sondar o sagrado e explorar o profano.
E isso o deixou louco para criar, para ser real. Essas mesmas qualidades o fizeram volátil, perigoso e o deixaram num conflito perverso consigo mesmo. Procurava consolo e alívio nas mesmas substâncias que inicialmente o inspiraram e o fizeram criar: — as drogas.
As teorias do teatrólogo surrealista francês, Antonin Artaud, a respeito do confronto (discutidas no livro “O teatro e seu duplo”) tiveram influência marcante em Morrison e também no grupo como um todo. Em uma das passagens mais fortes do livro, Artaud faz um paralelo entre a peste bubônica e a ação teatral, afirmando que o teatro tem que conseguir afetar a catarse no espectador da mesma forma que a peste bubônica purificou a humanidade. A meta? “Que eles (espectadores) fiquem apavorados e acordem”. “Quero acordá-los. Eles não entenderam que já estão mortos”, dizia o músico.
Morrison iria gritar “Acordem” mil vezes na tentativa de sacudir o público e tirá-los de seu estado adormecido, “ninguém sai daqui vivo” ele cantava na música “Five to One”. E quando se confronta o tipo de medo e terror evocados por músicas como “The End”, algo dentro da gente muda, se altera, deixa de ser.
Final da década de 60 e as bandas cantavam sobre amor e paz, mas com The Doors era diferente. Quando a música acabava permanecia o silêncio, a serenidade, a conexão com a vida e a confirmação da existência de cada um. Mostrando o Inferno, The Doors levava seu público ao “Céu”. Evocando temas sobre a morte, mostrava que estavam vivos.
Alexandre Fontoura - escritor e colunista do Jornal do Brasil
Ola
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