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O dia em que conheci Jim Morrison

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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Da alienação que incomodava Jim Morrison


Vivemos um momento de passividade do brasileiro ante a situação política do nosso país, coisa que chamou a atenção na Alemanha, em reportagem especial, a agência notícias alemã Deutche Welle retrata a apatia da maioria da população brasileira diante dos escândalos que têm Michel Temer como protagonista e de um congresso que tem sua imensa maioria denunciada por corrução.

Mesmo assim, ainda é comum ver pessoas dizerem que não se interessam por política. Quando alguém diz que não se interessa por política, acreditando que pode cuidar exclusivamente de seus interesses particulares e que estes não têm a ver com as atividades políticas, está revelando falta de consciência.  Na realidade não existe quem não sofra as consequências das decisões de governo, que são essencialmente políticas. Manter-se alheio à política é uma forma de dar apoio antecipado e incondicional a todas as decisões do governo, o que é, em última análise, uma decisão política. Por ai se vê o engano de quem acredita manter-se fora da política, sem nenhuma relação com ela.

Assim sendo, é preciso ter consciência de que os problemas políticos são, sempre, problemas de todos os membros da sociedade.

Eu acredito, assim como Jim Morrison, que as pessoas precisam participar ativamente nas decisões políticas, mas precisam antes romper as estruturas que barram sua percepção e criatividade.

Estruturas essas criadas pela elite, desde os primórdios da história de nosso país. Estruturas estas que conseguem manter as pessoas alheias a realidade política e econômica do Brasil. Existem várias variáveis que reforçam essas estruturas, entre elas está a mídia que muitas vezes distorce as informações, o monopólio das ideologias religiosas e políticas, a modernidade líquida que apresenta fluida, desapegada de promessas de emancipação, de compromissos sociais e políticos.

Mas essas estruturas só existem porque as pessoas dão sustentação a elas, por meio de suas inércias, da alienação, o que acaba favorecendo que uns poucos tomem a frente e passem a controlar o destino e as decisões de todos.  

Jim Morrison achava ridícula a ideia de que um número restrito de pessoas fossem representantes de uma população inteira.

Acreditava que a política era simplesmente o diálogo aberto entre as pessoas, o contato social entre estas e a troca de ideias e perspectivas.

Parece que não é bem isso que temos visto no cenário atual. O rei lagarto preferia morrer na luta pela liberdade de ser, de viver, de expressar, a ser conivente com uma forma de sociedade organizada e controlada por semíviros.


Eduardo Tolentino –  professor de história e membro ativo do projeto 'Educação Patrimonial'.


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