Vivemos um
momento de passividade do brasileiro ante a situação política do nosso país,
coisa que chamou a atenção na Alemanha, em reportagem especial, a agência
notícias alemã Deutche Welle retrata a apatia da maioria da população
brasileira diante dos escândalos que têm Michel Temer como protagonista e de um
congresso que tem sua imensa maioria denunciada por corrução.
Mesmo assim, ainda
é comum ver pessoas dizerem que não se interessam por política. Quando alguém diz
que não se interessa por política, acreditando que pode cuidar exclusivamente
de seus interesses particulares e que estes não têm a ver com as atividades
políticas, está revelando falta de consciência. Na realidade não existe quem não sofra as consequências
das decisões de governo, que são essencialmente políticas. Manter-se alheio à
política é uma forma de dar apoio antecipado e incondicional a todas as
decisões do governo, o que é, em última análise, uma decisão política. Por ai
se vê o engano de quem acredita manter-se fora da política, sem nenhuma relação
com ela.
Assim sendo, é
preciso ter consciência de que os problemas políticos são, sempre, problemas de
todos os membros da sociedade.
Eu acredito,
assim como Jim Morrison, que as pessoas precisam participar ativamente nas
decisões políticas, mas precisam antes romper as estruturas que barram sua
percepção e criatividade.
Estruturas essas
criadas pela elite, desde os primórdios da história de nosso país. Estruturas
estas que conseguem manter as pessoas alheias a realidade política e econômica
do Brasil. Existem várias variáveis que reforçam essas estruturas, entre elas
está a mídia que muitas vezes distorce as informações, o monopólio das
ideologias religiosas e políticas, a modernidade líquida que apresenta fluida,
desapegada de promessas de emancipação, de compromissos sociais e políticos.
Mas essas
estruturas só existem porque as pessoas dão sustentação a elas, por meio de
suas inércias, da alienação, o que acaba favorecendo que uns poucos tomem a
frente e passem a controlar o destino e as decisões de todos.
Jim Morrison achava
ridícula a ideia de que um número restrito de pessoas fossem representantes de
uma população inteira.
Acreditava que a
política era simplesmente o diálogo aberto entre as pessoas, o contato social
entre estas e a troca de ideias e perspectivas.
Parece que não é
bem isso que temos visto no cenário atual. O rei lagarto preferia morrer na
luta pela liberdade de ser, de viver, de expressar, a ser conivente com uma
forma de sociedade organizada e controlada por semíviros.
Eduardo Tolentino – professor de história e membro ativo do projeto 'Educação Patrimonial'.
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