Este
ensaio procura refletir acerca da emergência do "mito" Jim Morrison
através de sua performance e que relações sociais são suscitadas a partir da
relação ídolo/fã. Minhas reflexões são baseadas, principalmente, nas
referências teóricas de Barthes, Lévi-Strauss, Deleuze e Guatarri, Viveiros de
Castro, Turner e Bauman, além dos materiais audiovisuais e uma biografia dos
autores Hopkins e Sugerman sobre a vida e obra do cantor.
A
história de Jim é costurada ao longo do tempo, indo muito além de sua morte. O
contexto social, político, cultural em que Jim Morrison desponta como um ídolo
nos anos 60, é peça fundamental para pensá-lo como um personagem mítico, não
apenas da história do rock, mas, porque não, da própria cultura ocidental
contemporânea.
Esta construção surge a partir do fato de Jim
Morrison, enquanto ídolo que foi para sua geração, ser aclamado como pessoa com
uma visão à frente de seu tempo, que conseguiu materializá-la através de suas
atitudes, música e de sua oposição às normas da época.
Além disso, comparar Jim Morrison a outros personagens
da cena artística, reflete esta ligação estrutural que dá sentido à fala
mítica. Pode-se dessa forma compreender melhor o que ela quer dizer, pois há a
associação com outros elementos pelos quais estas características também são
atribuídas.
É o que Lévi-Strauss (1973) chama de mitemas, ou seja, estruturas que
não têm sentido isoladamente, e sim, quando analisadas no conjunto. E, quanto
maior for a quantidade de elos neste processo de significação, mais facilmente
a linguagem simbólica será reforçada, simplificada e o mito, naturalizado.
Jim Morrison, como um xamã, um pagé, que, através da
sua performance – a música, a encenação no palco, sua imagem – cumpre o papel
de mediador possibilitando o trânsito e a comunicação com outras dimensões da “realidade”.
Monografia
“Jim Morrison: um personagem, 'um mito', uma análise da performance do
artista”, de Juliana Maul - orientada pela professora Maria Elisa Máximo.