Livro - Jim Morrison: o poeta-xamã

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O dia em que conheci Jim Morrison

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domingo, 22 de março de 2015

Prof. Helder Modesto - entrevista sobre o poeta Jim Morrison






Jornal InFocos

Reportagem de Thiago Falbo
Novembro de 2009


Em entrevista para o Jornal InFocos, o professor de filosofia Helder Modesto fala do seu livro sobre o poeta americano Jim Morrison.

Jim Morrison era poeta, tendo editado um de seus livros ainda vivo, formado em cinema pela UCLA – Universidade da Califórnia – tornou-se mundialmente conhecido como vocalista da banda de rock mais literária do mundo - The Doors.  Já não mais satisfeito como vocalista de sua banda, resolve abandonar tudo e dedicar-se somente à poesia. Parte para Paris, cidade de seus ídolos da literatura e da filosofia, onde veio a morrer de parada cardíaca. Ainda vivo, Morrison já era considerado por unanimidade pelos críticos como um dos vocalistas mais icônicos, carismático e pioneiro do rock da história da música.

JI  – Do que trata seu livro, é uma biografia de Jim Morrison?
Não, não é uma biografia. É uma introdução que faço a respeito da vida e da obra musical e literária de Jim. Como há muito poucos – raros - trabalhos a esse respeito, fiz esse livro levando em consideração a sua vida, procurando mostrar sua visão de mundo frente às coisas.

JI  – As letras e a poesia de Jim Morrison falam de sexo, xamanismo, morte, mito, transcendência, o outro lado. O que ele procurava?
Jim era um incansável buscador. Inquieto, estava sempre refletindo sobre as questões mais importantes no interior da vida. O que somos, o sentido da vida, o amor, sexo, a repressão [muito forte na época], a individualidade, coisa que Jim sempre defendia. Enfim, sua música e sua poesia estão marcadas por essa preocupação subjetiva como  finalidade e função ordenadora de vislumbrar um novo modo de existência que perpassa pela criatividade e constituição das singularidades. Um assumir-se como senhor de si, como um “Lord” de sua própria vida e de seu próprio destino.

JI – The Doors soa bastante diferente dentro do mundo do Rock...
Sim. Podemos afirmar categoricamente que não existe nenhuma outra banda que fez algo similar ou mesmo parecido com os Doors.

JI – Qual é a principal mensagem de Jim? O que ele buscava?
Creio que seja a liberdade. Jim buscava a liberdade. Isso está bem refletido em suas composições, mas está em seus livros de poesia, em seus pensamentos... É claro que Jim falava de sexo, o outro lado, a alegria, o prazer, o lado escuro da existência, mas isso tudo como estofo para ampliar os campos da liberdade.

JI – Jim Morrison dizia que as pessoas temem a liberdade e estão sempre ouvindo e seguindo seus lideres. Você acha que isso mudou ou continua a mesma coisa?
Continua. As mudanças maiores  foram os avanços tecnológicos, os avanços da ciência, mas as pessoas continuam procurando líderes, gurus, grupos, facções, enfim, uma figura qualquer em que possam sujeitar suas decisões mais importantes. Diante disso, as pessoas aceitam essa insignificância pessoal, dissolvem-se em um poder superior de uma figura que elas seguem, e isso as fazem sentir orgulhosas de seguir um poder maior que lhes dá a ilusão de estar seguras e protegidas. Sempre foi assim. As pessoas estão sempre numa "encruzilhada": ou buscam a liberdade, ou permitem ser conduzidas.

Por outro lado, esquecem do propósito de suas próprias vidas, continuam alheias às questões mais caras e que sempre foram as questões que envolvem o conhecimento de si, de seu destino, de sua origem, enfim, de onde veio para onde vai... Nisso nos lembra a passagem: não há nada de novo sob o sol. Jim conjurava imagens dessas possibilidades de alcançar a liberdade, da nossa condição, e revelava as fissuras do homem e de sua subjetividade não desterritorializada.


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