Jim Morrison foi uma daquelas
figuras premiadas do mundo. Se há algo que não dá para negar é que nunca lhe
faltaram carisma, bela voz e charme, além de poesia e ousadia em sua música.
Homem que cantou temas como ''Waiting For The Sun'' e ''Take It As It Comes''
ao lado da banda The Doors, sua figura segue forte mesmo após 43 anos de sua
morte, completados hoje.
Morrison começou a carreira na Califórnia, nos Estados Unidos, nos anos 1960, depois
de se formar, e deu adeus ao mundo aos 27 anos, em 1971, em seu apartamento em
Paris (França), onde está enterrado, no cemitério Père Lachaise. Até hoje se
debate as causas de sua morte que, pelo laudo oficial, foi resultado de parada
cardíaca. Biógrafos já cogitaram como causa overdose e até assassinato. Mas,
como afirmava Manzarek: “o que importa é a sua obra, o homem Jim, não como
morreu”.
A obra que ele registrou segue nas prateleiras mundo afora, inclusive no
Brasil. Bandas que promovem releituras de seu legado surgem o tempo todo. Além
dos que conheceram sua música enquanto era vivo, a força de seu trabalho é
tamanha que cativa uma geração que nasceu após sua morte.
O produtor artístico e tecladista de Mauá Marcos Mauricio, 26 anos, é um desses
casos. “Conheci o Doors aos 18 e me identifiquei assim que escutei”, diz. Ele
conta que a música do grupo influencia sua arte diretamente. Para ele, além das
harmonias e timbres, as letras contraditórias, malucas e poéticas de Morrison fazem
essa música ser especial.
Jornalista especializado em
música, Edu Guimarães acredita que, além do talento como letrista, não dá para
negar que o fato dele ter sido um homem bonito ajudou a popularizar e perpetuar
sua imagem. “Ele tinha aquela postura típica de astro do rock, com um certo
desleixo rebelde, sedutor e desafiador. A morte do cantor, ainda jovem,
certamente é um fator importante a ser considerado nesse mito em que se
transformou”, afirma.
O músico andreense Marcinho
Batera teve o primeiro contato com a música de Morrison com o disco ''L.A.
Woman'', por conta de seu tio, há cerca de 20 anos. Hoje é um dos que mantém
uma banda cover de The Doors. “Morrison fazia cinema e era amante da
poesia, além de ter um carisma incrível e um poder com as palavras que o
diferenciavam de outros cantores”, diz.
Muitos dizem que tanto Morrison como o The Doors estavam à frente do seu tempo.
O que é verdade. Músico, professor de guitarra e violão e que também toca numa
banda cover do Doors, Deinesh Gabor, de São Bernardo define a música da banda
assim: “Composições geniais que podem te levar facilmente a outra atmosfera, de
clima misterioso, excitante, hipnótico. Realmente um som único”.
Conhecedor, pesquisador e apaixonado por rock, Ricardo Martins, o Rick, dono da
loja Rick and Roll Discos, em São Caetano, acredita que Morrison sabia que
tinha uma missão na terra. “Assim como John Lennon, ele viveu intensamente e
seu maior legado não foi apenas a música, mas o conjunto de sua obra literária,
seja nas provocações, na postura cênica e cínica ou na forma como conduziu sua
vida, beirando o suicídio.”
Aos que quiserem conhecer um pouco do que cantou o mito Morrison, a Warner
Music devolve agora ao mercado o CD duplo ''Weird Scenes Inside The Gold Mine''
(R$ 36,90 em média), coletânea lançada originalmente em 1972 e que conta com 22
músicas.
Idolo ganhou homenagens em outras artes
A música de Jim Morrison e do grupo The Doors se mostrou grande o bastante
desde seu estouro na década de 1960. Sua importância é tamanha que ganhou
homenagens em outras linguagens artísticas tempos depois, reforçando seu posto
de ídolo.
De uma maneira um pouco mais poética, o ator Eriberto Leão lida com o legado do
norte-americano no musical ''Jim'', que teve temporada de sucesso no Rio de
Janeiro e com rápida passagem por Brasília em maio. O paulista pesquisou
músicas e textos para tentar compreender a arte por trás da mente criadora do
clássico ''Light My Fire''. No palco, ele viaja entre personas – incluindo uma
reencarnação brasileira de Morrison – para buscar a intensidade e densidade do
autor.
Artigo de Vinícius Castelli
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